Pneumonia é uma infecção dos pulmões

É uma doença grave que pode afetar pessoas de qualquer idade, mas é mais perigosa em crianças pequenas, pessoas com idade acima de 65 anos, e naqueles com problemas médicos tais como doenças cardíacas, diabetes e doenças pulmonares crônicas. É mais comum nos meses de inverno e ocorre mais frequentemente em fumantes e em homens.

Apenas a pneumonia adquirida na comunidade será aqui considerada.

Os pulmões são “bombardeados” durante toda a vida por microrganismos que penetram no sistema respiratório, mas as defesas das vias aéreas e alvéolos e as defesas imunológicas, impedem o desenvolvimento de infeções. Você pode desenvolver pneumonia se as suas defesas estão comprometidas, se você se expuser a um microrganismo muito agressivo, ou se você se expuser a um grande número de microrganismos.

À medida que os microrganismos se multiplicam nos pulmões, o sistema imunológico responde enviando glóbulos brancos para os alvéolos. Os alvéolos infectados se tornam inflamados. Estas alterações levam aos sintomas de pneumonia.

 

 

 

 

 

 

 

Fatores de risco

Alguns grupos têm maior risco de desenvolver pneumonia. São:

• Pessoas com mais de 65 anos de idade
• Fumantes
• Pessoas desnutridas
• Portadores de doenças pulmonares crônicas, tais como DPOC, asma e bronquiectasias
• Ter outras doenças, incluindo diabetes ou doença cardíaca
• Ter um sistema imunológico fraco devido a HIV, transplante de órgão, ou uso crônico de corticosteroide
• Ter tosse prejudicada devido a acidente vascular cerebral, uso de sedativos ou álcool, ou mobilidade limitada
• Ter tido uma infecção respiratória viral recente, como uma gripe

Causas

As pneumonias podem ser causadas por diversos microrganismos, incluindo bactérias, vírus, e mais raramente fungos. A causa mais comum de pneumonia é a bactéria Streptococcus pneumoniae (também chamado pneumococo). Outras bactérias incluem Haemophilus influenzae (não confundir com vírus da gripe ou influenza), Staphylococcus aureus e agentes denominados de atípicos (Legionella pneumophila, Mycoplasma, Clamydia pneumoniae). Os vírus causam em torno de 20% das pneumonias, incluindo o vírus da influenza. Infecções mistas também são comuns.

Sintomas

Os sintomas comuns de pneumonia incluem febre, calafrios, falta de ar, dor com a respiração, frequência respiratória e cardíaca elevadas, e tosse frequentemente com catarro amarelado ou esverdeado, às vezes com sangue. A maior das pessoas tem febre, embora pessoas idosas ou em uso de corticoide possam ter pneumonia sem febre. Alterações do estado mental (confusão, desorientação) também podem ocorrer, especialmente em idosos. Vômitos e diarreia também podem ocorrer.

No exame clínico poderão ser encontrados dados indicativos, porém um exame clínico normal não exclui a possibilidade de pneumonia.

Diagnóstico

A pneumonia é usualmente diagnosticada através dos dados de história, exame físico e uma radiografia de tórax. Raramente tomografia está indicada.

Em pacientes que são internados, deve-se tentar isolar o agente causador, através de diversos exames. Estes incluem cultura do escarro, pesquisa de antígenos na urina, (disponíveis para o pneumococo e Legionella), e culturas de sangue (hemoculturas). Hemograma pode mostrar elevação dos glóbulos brancos, mas pode ser normal. O oxigênio no sangue pode ser medido através de um oxímetro de dedo, e nos casos mais graves, através de uma gasometria arterial.

A proteína C reativa pode ser medida inicialmente e no acompanhamento como um indicativo do estado inflamatório. Função renal e eletrólitos também são medidas de rotina.

Na presença de derrame pleural significativo, especialmente na apresentação inicial, é necessária uma punção pleural para análise do líquido e culturas.

Os pacientes com pneumonia grave, ou que não melhoram ou pioram com o tratamento empírico inicial prescrito, podem necessitar de exames adicionais através de uma broncoscopia. Através do broncoscópio, as vias aéreas são inspecionadas e material é colhido para culturas. Biópsias obtidas por broncoscopia podem diagnosticar doenças de diversas naturezas, que imitam pneumonias.

Quando internar

Uma das decisões mais importantes que o médico deve tomar no consultório ou na emergência diz respeito à necessidade de internação ou não. Se a decisão for de tratar o paciente em casa, um retorno breve (dentro de 48-72 horas) irá permitir uma estimativa de resposta (ou não) ao tratamento instituído.

Pacientes devem ser considerados para internação na presença de um ou mais dos seguintes fatores:

• Confusão mental
• Frequência respiratória ≥ 30 respirações por minuto
• Pressão arterial sistólica abaixo de 90 mmHg ou pressão diastólica <60 mmHg
• Idade ≥65 anos
• Comorbidades descompensadas como diabetes, abstinência alcoólica, DPOC descompensada e outras
• Pneumonia bilateral na radiografia
• Oxigênio baixo (SpO2<90%)
• Problemas sociais graves para tratamento em casa.

 Tratamento

A maioria dos pacientes é tratada em casa com antibióticos orais. Os pacientes internados usualmente recebem antibióticos por veia. Após melhora dos sintomas o antibiótico é mudado para via oral.

Pacientes internados podem necessitar suplementação de oxigênio através de cateteres nasais, máscaras, e, eventualmente por ventilação não invasiva ou invasiva, com intubação. Em pacientes com pneumonias mais graves, um curso breve de corticosteroide pode reduzir mais rapidamente a inflamação pulmonar.

O número de dias de internação é variável e depende da resposta ao tratamento e de outros problemas médicos associados e seu controle. Algumas pessoas, incluindo aquelas com doenças pulmonares prévias, sistema imunológico alterado, ou infecção pulmonar mais extensa, podem ter recuperação lenta e necessitar de uma hospitalização mais longa.

Fisioterapia respiratória tem benefício duvidoso.

Diversos esquemas de antibióticos existem para o tratamento da pneumonia adquirida na comunidade. Rotinas devem ser estabelecidas nos hospitais para tratamento de doentes internados com pneumonia de comunidade, com base em Diretrizes estabelecidas pelas Sociedades de especialidades. A escolha do antibiótico depende de diversos fatores. Pessoas com certos problemas médicos subjacentes e aqueles que usaram antibiótico nos últimos três meses têm um risco maior de infecção com bactérias resistentes às drogas.

Recuperação esperada

Uma pessoa com pneumonia usualmente começa a melhorar depois de 3 a 5 dias do tratamento antibiótico. A melhora se expressa por uma sensação de melhor estado geral, e redução dos sintomas como tosse e queda da temperatura. Fadiga e uma tosse persistente, leve, podem durar por um mês ou mais, embora a maioria das pessoas consiga retomar suas atividades habituais dentro de uma semana. Pessoas tratadas no hospital podem necessitar três semanas ou mais para reassumir as atividades normais.

No período de recuperação, o paciente deve repousar, tendo uma boa noite de sono, e tirando cochilos durante o dia conforme a necessidade. Os antibióticos devem ser usados de maneira rigorosa e o tempo de tratamento deve ser seguido. Muitos pacientes questionam sobre o uso concomitante de álcool e antibióticos.  O álcool pode exercer uma carga extra de trabalho sobre o fígado e o sistema imunológico, além de reduzir os níveis de energia do organismo.

Todos os pacientes que são tratados em casa devem agendar uma consulta de acompanhamento dentro de poucos dias após o início do tratamento, para determinar se estão se sentindo melhor e para avaliar se surgiu alguma complicação da pneumonia.

Pacientes que tiveram alta hospitalar devem ter uma consulta de acompanhamento, habitualmente dentro de uma semana. Além disso, uma visita mais tardia é recomendada para avaliar a resolução da pneumonia, tanto em pacientes tratados em casa, como aqueles tratados em hospital. A inflamação no pulmão, decorrente da pneumonia, pode demorar várias semanas para desaparecer, de modo que a persistência das opacidades na radiografia deve ser avaliada após 3-6 semanas do início do tratamento, dependendo de cada caso.

Complicações

Complicações podem surgir em alguns casos, especialmente naqueles com fator de risco.  Estas complicações podem estar relacionadas à pneumonia, aos medicamentos utilizados no tratamento, ou por piora de doenças crônicas associadas, tais como DPOC e insuficiência cardíaca congestiva.

As complicações da pneumonia incluem:

• Derrame na pleura – líquido pode se acumular no espaço entre os pulmões e a caixa torácica, que é revestido por uma membrana, a pleura. Se o líquido se torna infectado como resultado da pneumonia (denominado empiema), um dreno de tórax ou até cirurgia podem ser necessários para drenar o líquido.
• Abscesso pulmonar – alguns casos de pneumonia pode evoluir com formação de cavidades no pulmão contendo pus (abscessos). Os abscessos habitualmente respondem a um curso mais prolongado de antibióticos; raramente está indicada cirurgia para remoção.
• Bacteremia – Ocorre quando a infecção se dissemina dos pulmões para a corrente sanguínea. Isto pode gerar infecção em outros locais e resultar até em choque séptico, com queda de pressão.
• Eventos cardiovasculares – Alguns estudos demonstraram que pacientes com pneumonia tem um risco aumentado de ter um evento cardiovascular, tal como um ataque cardíaco durante a recuperação da pneumonia, e o risco persiste por vários anos após o episódio de pneumonia.
• Morte – A pneumonia pode ser fatal em alguns casos. Nos pacientes tratados em casa o risco de morte é menor que 1%. Nos pacientes internados o risco de morte é de 5-10% naqueles tratados em enfermarias, de 25% nos pacientes que necessitam ventilação mecânica, e de 50% naqueles que apresentam choque com necessidade de medicamentos vasopressores.
• Diarreia e rash cutâneo são as complicações mais frequentes do uso de antibióticos.

Prevenção

As vacinas antipneumocócicas são eficazes na prevenção da pneumonia. A vacinação contra a gripe é importante não só para prevenir a influenza, mas também para prevenir suas complicações, incluindo pneumonia.

Como a pneumonia é transmitida pelo contato com as secreções respiratórias infectadas, pessoas com pneumonia devem limitar contatos face-a-face com familiares não infectados e amigos. A boca e o nariz devem ser cobertos durante episódios de tosse e os lenços de papel descartados imediatamente. Após a tosse, o paciente deve lavar as mãos.

Pneumonia é mais comum em fumantes, mesmo sem DPOC. Parar de fumar ajuda na prevenção de pneumonias. O uso frequente de álcool também deve ser evitado.