Doenças pulmonares no Brasil

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Doenças pulmonares no Brasil

Principais doenças pulmonares no Brasil – 2014

 


Apneia obstrutiva do sono

É a doença respiratória mais frequente.

Um grande estudo epidemiológico realizado em São Paulo mostrou que 32,8% da população com mais de 20 anos tem cinco ou mais apneias obstrutivas por hora de sono. Considerando-se uma definição mais relevante, a presença de cinco ou mais apneias por hora de sono com um ou mais sintomas e 15 ou mais apneias, com ou sem sintomas, o número calculado para a população brasileira adulta é de 32,4 milhões de casos.

 Asma

É mais comum na infância. A prevalência de asma no Brasil, tomando-se em conta o diagnóstico feito por médico, foi de 5% segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios realizada em 2003 e 2008. Entretanto, sabe-se que muitos casos de asma não são diagnosticados. O estudo ISAAC encontrou que uma, em cada cinco crianças brasileiras referem chiado.

Considera-se que a asma atinja 10% da população brasileira (GINA, 2010), o que resultaria em 20 milhões de casos aproximadamente.

A asma mata em torno de dois mil brasileiros por ano.

O Ministério da Saúde, desde 2011, disponibiliza medicamentos gratuitos para o tratamento da asma, o que resultou na redução das internações pela doença.

 A doença pulmonar obstrutiva (DPOC)

Resultado da combinação, em proporções variáveis, de uma inflamação das vias aéreas e enfisema. A DPOC é causada na maioria dos casos pelo cigarro. O diagnóstico de DPOC é feito por um teste de função pulmonar, no qual o indivíduo enche e esvazia os pulmões de maneira rápida. Na DPOC o ar sai mais lentamente durante a expiração rápida. Achado semelhante pode, entretanto, ser encontrado na asma e em outras doenças pulmonares obstrutivas.

O número de pessoas com DPOC pode ser estimado considerando-se que a doença afeta indivíduos de mais de 40 anos e que fumaram um maço de cigarros ou mais ao dia, por pelo menos 10 anos. Apenas 10-20% ocorrem em não fumantes.

Atualmente a população brasileira com mais de 40 anos é estimada em 64 milhões (IBGE 2010); em torno de 20% destes fumam ou fumaram o equivalente a um ou mais maços por dia por 10 anos ou mais (≥10 maços/ano), o que resulta em 12,8 milhões. Em torno de 25% dos fumantes têm DPOC, o que resulta numa estimativa aproximada de 3,2 milhões de brasileiros fumantes ou ex-fumantes com DPOC. Somando-se 20% de portadores de DPOC não fumantes estima-se a prevalência de DPOC no Brasil em 3,8 milhões aproximadamente.

Um estudo epidemiológico (Menezes, 2005) encontrou obstrução relevante das vias aéreas (redução da relação VEF1/CVF, com VEF1 reduzido) no teste de função pulmonar em 6,0% dos indivíduos com mais de 40 anos na cidade de São Paulo, o que, extrapolando-se para o Brasil, resulta em uma estimativa de 3,84 milhões de casos, semelhante ao número anteriormente estimado.

Nas últimas décadas, a frequência da DPOC, ao contrário das doenças cardiovasculares vem aumentando, sendo atualmente a quinta causa geral de morte no mundo. Mais de 50 mil pessoas morrem anualmente vítimas de DPOC em nosso país.

Doenças intersticiais

Os dados no Brasil são escassos. Com base no estudo epidemiológico clássico de Coultas, realizado no município de Bernalillo, no Novo México nos EUA, no final dos anos 80, pode-se estimar que a prevalência de fibrose pulmonar idiopática no Brasil (levando-se em conta a população atual de 98,805 milhões de homes, e 104,805 milhões de mulheres, o número de pessoas por faixa etária acima de 45 anos e a prevalência encontrada nas faixas de idade no estudo de Coultas) seria de 9.500 casos, sendo 5.600 em homens e 3.900 em mulheres. Raghu estimou o número de casos de FPI, no ano de 2000, usando os dados de um grande plano de Saúde, nos Estados Unidos. Transportando os dados encontrados para o Brasil  considerando-se a frequência da doença (definida por critério mais estreito), encontrada nas faixas etárias acima de 45 anos, e multiplicando-se pelo número respectivo de homens e mulheres no Brasil, encontramos 4755 casos em homens e 5282 em mulheres, totalizando 10.137 casos. Este número é semelhante ao encontrado no estudo de Coultas (9.500). O número maior de casos no sexo feminino representa a maior porcentagem de mulheres na população brasileira, especialmente nas faixas de idade mais avançadas.  Mais recentemente Esposito e cols avaliaram a prevalência nos EUA em indivíduos com mais de 50 anos, usando critérios diagnósticos mais bem definidos (a doença é rara abaixo de 50 anos). Transportando-se a prevalência encontrada pelas faixas de idade, teríamos para o Brasil, 12.206 casos.

Uma revisão sistemática, publicada em 2015, estimou uma incidência de 3-9 casos por 100 mil, o que resultaria em 6-18 mil casos no Brasil, com média de 12 mil casos.

A partir destes quatro estudos, estimamos que no Brasil existam 10 a 12 mil casos de fibrose pulmonar idiopática.

Em nossa base de dados de doenças intersticiais, com mais de 3.000 pacientes, a FPI constitui 15% dos casos, o que resultaria, por extrapolação, em 80 mil casos de DPI no Brasil, aproximadamente. As doenças intersticiais associadas às colagenoses são as doenças intersticiais mais comuns, mas sua frequência é subestimada em bancos de dados de serviços de Pneumologia. A pneumonia de hipersensibilidade e a sarcoidose tem também prevalência em torno de 15% cada, de modo que se pode estimar, à semelhança da fibrose pulmonar idiopática, que existam aproximadamente 10-12 mil casos para cada condição, no Brasil.

Tuberculose

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil ocupa o 17º lugar entre os 22 países responsáveis por 80% do total de casos de tuberculose no mundo. Estima-se que cerca de um terço da população mundial está infectada com o Mycobacterium tuberculosis, com risco, portanto, de desenvolver a enfermidade. Em 2010 70550 casos novos de tuberculose foram diagnosticados no Brasil, e mais 10500 estavam em retratamento, perfazendo 80 mil casos. Em torno de 8% dos casos de tuberculose tem HIV positivo. O risco de um portador de HIV desenvolver tuberculose é de 10% ao ano. A tuberculose leva à morte 4-5 mil brasileiros por ano.

Câncer de pulmão

Dados do Instituto Nacional do câncer (INCA) revelam que o câncer de pulmão de homens é o segundo em incidência entre os vários tipos de câncer e o terceiro entre as mulheres, estando aumentando no sexo feminino pelo aumento do tabagismo. Segundo a estimativa do INCA, para 2016, são esperados 28220 casos no Brasil, sendo 17.330 homens e 10.890 mulheres.

Pneumonias

Estima-se que cada ano, 2,2 milhões de casos de pneumonia ocorram no Brasil. Em 2011 foram internados 731 mil casos com pneumonia adquirida na comunidade  no Brasil e 45 mil morreram (DATASUS).

Embolia pulmonar

Embolia pulmonar é o bloqueio de uma ou mais artérias dos pulmões por diversos materiais. A maioria das embolias pulmonares é causada por coágulos que se originam nas pernas, por trombose das veias profundas. Devido à íntima relação entre a presença de trombose venosa e embolia pulmonar, o diagnóstico é frequentemente referido como tromboembolismo venoso (TEV).

A incidência do TEV se correlaciona fortemente com a idade, sendo rara na infância e aumentando de maneira exponencial com a idade. Em geral, os homens e as mulheres são igualmente afetados. As mulheres em idade fértil tem uma taxa um pouco maior devido à associação do TEV com a gravidez e com o uso de anticoncepcionais. Nos indivíduos de mais idade a incidência é maior em homens do que nas mulheres. A embolia pulmonar não tratada pode resultar em morte em 25-30% dos casos. Esta taxa cai para 2-8% se o diagnóstico é feito e tratamento é realizado.

A embolia pulmonar é frequentemente não diagnosticada. Estima-se que apenas um em cada cinco casos são diagnosticados. No Brasil, pelo DATASUS, em torno de 28 mil casos são diagnosticados por ano em doentes internados.

Estudos epidemiológicos recentes, realizados em alguns países, com uso de angiotomografia de tórax, o exame considerado atualmente o mais preciso para o diagnóstico, mostra que a incidência anual da doença varia entre 0,40-0,72 casos por 1.000, o que extrapolado para o Brasil, resultaria em 80.000 a 144.000 casos por ano. Com base em um estudo de necropsias feito em Botucatu em 1980, se estimou uma incidência de 0,6 por mil. Levando-se em conta os dados acima, pode-se estimar uma incidência de  115 a 120.000 casos de embolia no Brasil a cada ano.