Tabagismo
O maior benefício que um ser humano pode fazer para manutenção da própria saúde é parar de fumar!
O uso do tabaco é a maior causa prevenível de morte. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), todo ano mais de cinco milhões de pessoas morrem no mundo por causa do cigarro. No Brasil o tabagismo é responsável por cerca de 200 mil mortes por ano. Metade dos fumantes regulares irá morrer por uma doença tabaco-relacionada, perdendo em média 10 anos de vida em comparação aos não fumantes.
Não só o fumo ativo, mas o passivo também aumenta os riscos de doença. Sete não fumantes morrem por dia em consequência do fumo passivo. O tabagismo passivo aumenta em 30% o risco para câncer de pulmão e 24% o risco para infarto.
No Brasil, o número de fumantes permanece em queda. Segundo o Vigitel 2013 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), em 2013, a prevalência de fumantes caiu para 11,3%. O dado é três vezes menor que o índice de 1989, quando a pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou 34,8% de fumantes na população. Para 2016, devem ocorrer 28 mil novos casos de câncer de pulmão, doença altamente relacionada ao tabagismo.
A fumaça do tabaco tem mais de 4.000 substâncias tóxicas, entre elas uma psiquicamente ativa, a nicotina, e outras 69 que são cancerígenas. O tabagismo está relacionado a mais de 50 doenças sendo responsável por 30% das mortes por câncer de boca, 90% das mortes por câncer de pulmão, 25% das mortes por doença do coração, 80% das mortes por bronquite e enfisema, 25% das mortes por derrame cerebral. A redução do tabagismo é considerada a medida mais importante para redução do câncer em nível global.
O tabagismo aumenta o risco para se adquirir pneumonia, prejudica o efeito do tratamento da asma e afeta negativamente a evolução da tuberculose e mesmo a resposta do câncer de pulmão à quimioterapia. O tabagismo causa ou é um cofator em algumas doenças pulmonares difusas, como ocorre na fibrose pulmonar idiopática.
Estudos longitudinais mostraram que a cessação do tabagismo beneficia quase todos os fumantes, independentemente da idade de parar ou a quantidade cumulativa de cigarros fumados. Cessação precoce do tabagismo é mais eficaz e traz o maior benefício. Parar de fumar antes dos 40 anos reduz o risco de morte atribuída ao tabaco em 90%. Contudo, nunca é tarde para parar. Parar de fumar depois dos 60 anos ainda reduz o risco de morte.
Depois que o fumante para, a redução do risco varia entre as doenças atribuídas ao tabaco. A redução do risco é rápida para doença cardiovascular, mas é mais gradual para câncer e DPOC. O risco de câncer declina ao longo de décadas, mas nunca volta ao nível dos não fumantes. Entre os fumantes com DPOC, a cessação do tabagismo desacelera a perda da capacidade pulmonar, mas a função pulmonar não volta ao normal. Em pacientes com DPOC em fase inicial, a cessação do tabagismo reduz em 15% a taxa de mortalidade após 15 anos.
Vacinas para Pneumonia
O Streptococcus pneumoniae (ou pneumococo) é responsável por 35-40% de todas as pneumonias adquiridas na comunidade. A mortalidade é de 10%. Noventa e dois sorotipos de S pneumoniae foram identificados com base na análise dos polissacarídeos (açúcares) da cápsula bacteriana. Outras infecções importantes causadas pelo S pneumoniae são bacteremia e meningite (infecções invasivas) que resultam em morte em 20 e 30% dos casos, respectivamente. A vacinação contra S pneumoniae pode reduzir o risco de mortalidade especialmente por infecções mais graves tanto em pacientes imunocompetentes quanto em imunocomprometidos.
Streptocccus pneumoniae é parte da flora comensal do trato respiratório superior e coloniza a rinofaringe. A colonização é importante porque a doença pneumocócica não irá ocorrer sem a colonização precedente.
A colonização pelo S pneumoniae ocorre precocemente na infância e rapidamente se dissemina entre outras crianças e familiares. Por esta razão, a prevenção da primeira aquisição entre as crianças com o uso de uma vacina representa um método efetivo para reduzir a infecção, tanto em crianças como em adultos.
Duas vacinas antipneumocócicas são atualmente disponíveis: uma vacina polissacarídea (PPSV23) que inclui 23 antígenos capsulares purificados e uma vacina conjugada a proteínas (PCV13) que inclui antígenos polissacarídeos capsulares ligados a proteína.
No Brasil a vacina PPSV23 é indicada a partir dos 60 anos com reforço após cinco anos. A eficácia da dose de reforço é discutível.
A vacinação com a PCV13 estimula uma boa resposta de anticorpos, melhora a imunidade das mucosas e suprime a colonização bacteriana que precede as infecções. É mais eficaz que a vacina polissacarídea por resultar em níveis maiores e mais prolongados de anticorpos contra o S pneumoniae. O efeito é prolongado pela produção de células de memória pelo sistema imunológico. Sua eficácia em crianças é bem estabelecida. A vacina pneumocócica conjugada 13-valente foi liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para adultos a partir de 50 anos. A vacina já era indicada no Brasil para a proteção contra as doenças pneumocócicas em lactentes e crianças de seis semanas até seis anos de idade incompletos.
A vacinação com a PPV13 seguida da PPSV23 resulta em uma resposta imunológica mais forte e mais prolongada.
Pacientes com doenças pulmonares crônicas que fazem uso de corticosteroides ou tratamento imunomoduladores (ex, metotrexato, inibidores do fator de necrose tumoral alfa), ou aqueles que têm doença falciforme ou outras hemoglobinopatias, imunodeficiências, síndrome nefrótica, e neoplasias sólidas ou hematológicas devem ser vacinados com a PCV13, mesmo se previamente receberam a PPSV23.
Os indivíduos não vacinados com idade acima de 65 anos devem receber a PCV13 seguida da PPSV23 após um intervalo de 6 a 12 meses.
Nos indivíduos com idade acima de 65 anos já vacinados com a PPSV23, a PCV13 deve ser dada após intervalo de um ano ou mais.
Nos que receberam a PPSV23 antes dos 65 anos, deve-se dar primeiro a PCV13 após intervalo de um ano ou mais, e repetir a PPSV23 após intervalo de 6 a 12 meses.
Este esquema foi sugerido pelo Comitê Consultivo Norte-Americano sobre Práticas de Imunização.